Ela, por si só, já é uma viagem!

Elaine passou 10 meses na Finlândia, mas durante o intercâmbio se apaixonou pela Espanha (FOTO: Gabriela Isaias)
Apesar de morrer de medo de avião, Elaine Taffner já viajou para mais de 14 países. Ela também morou em Minas Gerais, Espírito Santo, Finlândia e, desde 2012, vive no Rio de Janeiro. Viajante de carteirinha, ela coleciona histórias inacreditáveis, como passar um frio de -20ºC na porta de um McDonalds em Helsink, sentar ao lado de um ex-presidiário em uma viagem de trem de nove horas ou descobrir ter reservado o hostel errado ao chegar em Praga.

Dona de um senso estético apurado, Elaine aprendeu a mexer no Photoshop sozinha aos 14 anos e hoje usa seus talentos como designer na criação de conteúdo em uma agência publicitária. Na reta final da faculdade de Publicidade e Propaganda, na UFRJ, a mineira-capixaba jura ser fofa e disse amar Hannah Montana em segredo. Isso tudo com aquela ironia divertida que só ela sabe fazer. Esse bate-papo é a prova de que é praticamente impossível não rir quando Elaine entra em cena!

Aquela Garota da Foto: Para quantos países você já viajou?
Elaine: Ih, miga, não são muitos assim, não, mas vou ver se lembro de todos. Primeira vez que eu viajei pra fora foi quando fui pra Finlândia. Foi a primeira vez que viajei de avião e conheci Finlândia, Estônia, Suécia, Espanha, França, Inglaterra e Portugal. Depois, quando fiz um mochilão, conheci Itália, Malta, Croácia, Eslovênia, República Tcheca, Hungria, Alemanha e Holanda. Agora deixa eu contabilizar quantos dão...

AGF: Você tem coragem de dizer que foram poucos?
E: [Risos] Acho que foram 14 países. E caso conte, eu já atravessei a Ponte da Amizade, do Brasil ao Paraguai! [Risos] Se contar isso como viagem, temos 15!

Uma de suas maiores lembranças da infância é andar de "Carretel da Alegria" em Minas Gerais (FOTOS: Gabriela Isaias)

AGF: Você fez intercâmbio na Finlândia. O que te levou a escolher esse país?
E: Eu queria ir pra um lugar diferente. Logo que decidi fazer intercâmbio queria ir para a Alemanha. Só que comecei a perceber que esse era o destino mais comum na época, porque a maioria das pessoas ia ou para os Estados Unidos ou pra Alemanha. Na minha cabeça o alemão era um idioma mais útil porque eu já sabia inglês. Só que a agência de intercâmbios disse que eu não poderia ir por causa da minha idade e que as minhas opções eram Finlândia, Suécia, Egito e Tailândia. 

“Não iria para Tailândia e para o Egito [fazer intercâmbio] por questões culturais, principalmente sobre como as mulheres são tratadas”

AGF: Uau, só destinos incomuns.
E: Sim! Então fiquei pensando no que era mais diferente e excluí as opções que não queria. Não iria para Tailândia e para o Egito por questões culturais, principalmente sobre como as mulheres são tratadas. Isso foi uma coisa que pesei bastante e acho que não conseguiria me adaptar por causa da minha personalidade, mesmo. E eu queria Europa porque ainda não tinha viajado pra fora. Então como não tinham mais vagas para a Suécia, fui pra Finlândia. Pode até parecer que eu fui pra última opção, mas realmente não foi. Gosto de acreditar que foi a Finlândia que me escolheu, mais do que eu escolhi ela. Não conhecia ninguém lá, não sabia de nada sobre o país.

AGF: Você aprendeu a falar finlandês?
E: Aprendi muito pouco, o básico do básico. Consigo falar frases soltas, como pedir informação, perguntar quanto custa, fazer um pedido num restaurante. Mas não consigo manter uma conversa ou usar as palavras pra me expressar. Como estou sem prática nenhuma, acabo sabendo mesmo algumas palavras e frases perdidas hoje em dia. E sem querer me justificar mas já me justificando, é a segunda língua mais difícil do mundo! Então tem toda uma dificuldade extra, principalmente pra gente, que tem o latim como base, porque as regras gramaticais são completamente diferentes.

Extremamente irônica, Elaine tem um humor divertidíssimo que arranca risadas de qualquer um  (FOTOS: Gabriela Isaias)

AGF: E de onde veio o seu gosto pra Publicidade? É uma profissão que você sempre quis seguir?
E: Na escola fui percebendo que eu não tinha aptidão nenhuma pra Matemática ou qualquer coisa de Exatas. As minhas áreas de interesse em que eu sempre me destaquei eram Português, História e Geografia. Aos 14 anos comecei a fotografar, editar fotos e mexer em alguns programas de edição de imagem. Eu gostava muito dessa área e quando comecei a pesquisar profissões que tinham a ver com isso, a Publicidade me chamou atenção. Lembro que uma vez cheguei em casa depois da escola e estava passando um programa no Multishow que se chamava “Reclame”, em que um publicitário bem famoso aqui no Brasil contava a trajetória dele. Lembro que ele disse que não sabia o que queria da vida e decidiu fazer Publicidade na UFRJ. Foi chamado pra trabalhar em uma agência em Portugal, foi, e depois de alguns anos ofereceram muito dinheiro pra ele voltar para o Brasil e trabalhar em uma agência aqui. Achei isso incrível e falei “é isso que eu vou fazer”. Nessa época tentar vestibular na UFRJ não era uma prioridade, eu nem tinha pensado nisso.

“Sempre quis fazer faculdade fora, mas tinha a UFMG na cabeça e só pensava em ir pra Belo Horizonte [...] Decidi ir pra ECO só no ano em que tentei vestibular”

AGF: E quando você decidiu ir pra ECO [Escola de Comunicação da UFRJ]?
E: Depois dessa entrevista que eu vi, coloquei na minha cabeça que iria fazer Publicidade. Sempre quis fazer faculdade fora, mas tinha a UFMG na cabeça e só pensava em ir pra Belo Horizonte. Só que o vestibular de BH era super difícil e eu teria que viajar pra lá pra fazer a prova. Isso acabou dificultando um pouco. Quando abriu o Sisu vi que poderia me inscrever em outros lugares. Como não tinha Belo Horizonte, coloquei na cabeça UFF e UFRJ. Três amigos meus de Vitória tinham passado na UFRJ e já moravam no Rio. Então acabei dando mais preferência à UFRJ. Eu só decidi ir pra ECO só no ano em que tentei vestibular.

Ela conta que tem muita vontade de ir à Grécia, Islândia e fazer um mochilão pela América do Sul (FOTO: Gabriela Isaias)
AGF: Em comparação à Vila Velha e à Finlândia, qual a melhor e a pior coisa do Rio de Janeiro?
E: A pior coisa do Rio pra mim claramente é o calor absurdo, o alto custo de vida que não se justifica e a violência, a falta de segurança que você tem. E a melhor coisa do Rio pra mim, comparando com esses outros dois lugares, é o fato de ser uma cidade grande e isso é uma coisa que eu gosto. Não importa se for segunda-feira, terça-feira, sempre vai ter um lugar aberto, sempre vai ter um lugar pra ir ou alguma coisa pra fazer. Vai ter museu, praia, cachoeira… Você sempre vai ter alguma opção.

Como uma boa sagitariana, ela já passou grandes "perrengues" nas várias viagens que já fez (FOTOS: Gabriela Isaias)
AGF: Você tem várias histórias pra contar. Qual foi a maior loucura que você já fez?
E: Ih, miga. Toda loucura que eu fiz e passou pela minha cabeça agora ou é censurada ou meus pais nem sonham com a possibilidade. Deixa eu pensar…

“Eu tenho uma vida baseada em guilty pleasure porque gosto de muita coisa ruim!”

AGF: [Risos] Pensa em uma que você pode compartilhar!
E: Bom, lembro quando eu era mais nova e queria muito viajar, só que meus pais não iriam deixar. E eu queria ir pra casa de um amigo meu, então eles não iam deixar mesmo! Acabei inventando que estava na casa dos tios de uma amiga com essa amiga. Só que na verdade eu viajei sozinha pra casa do meu amigo e passei quatro dias lá sem meus pais fazerem ideia. Na época eu tinha 16 anos e quando eles me ligavam eu dizia que estava na casa dessa minha amiga com os tios dela. E deu tudo certo! [Risos] Não sou tão doida assim, miga.

AGF: Não, nem um pouco! [Risos] Qual o seu guilty pleasure?
E: Olha, miga, eu tenho uma vida baseada em guilty pleasure porque gosto de muita coisa ruim! Mas acho que o mais vergonhoso de todos é que eu gostava de Hannah Montana e acho que se estiver passando ainda eu assisto! Adoro a Miley Cyrus. E sempre assisto esses filmes pré adolescentes, que têm a mesma história ruim de Ensino Médio. Se estiver passando, eu assisto!

A mineira aprendeu a mexer no Photoshop sozinha e desenvolveu um senso estético incrível (FOTO: Gabriela Isaias)


“Acho que meus maiores arrependimentos giram em torno de quando eu não me arrisco pra tentar conseguir alguma coisa”

AGF: Tem alguma coisa que você se arrependa na vida?
E: Com certeza tem, mas eu não to lembrando. Acho que meus maiores arrependimentos giram em torno de quando eu não me arrisco pra tentar conseguir alguma coisa. Ou de quando eu deixo de fazer alguma coisa que queria muito por causa de alguma insegurança. Normalmente me arrependo por não tentar as coisas, por não correr atrás do que eu quero por medo, vergonha ou insegurança.

AGF: E você acredita em Deus?
E: Eu fui criada no Catolicismo, já que meus pais e meus avós são muito católicos. Fiz primeira comunhão, crisma, essas coisas, mas não sou praticante, ia mais por causa deles. Não sei se acredito exatamente em Deus, mas acredito na existência de uma força maior. Acredito que exista algo muito maior que as coisas desse plano e que isso dá ordem nas nossas vidas. Mas não sei se eu diria que é um Deus, em específico.

Ela ainda mantém fortes laços com os amigos que fez durante o Ensino Médio, em Vitória (FOTOS: Gabriela Isaias)

AGF: E você crê em outras vidas?
E: Eu não duvido. Acho que pode existir, mas acreditar mesmo, não. Até levo em consideração essa hipótese, mas não é uma crença que carrego comigo.

“Se fosse pra ter outra vida eu seria a Britney Spear ou a Beyoncé! [Risos]

AGF: Se você pudesse vir em outra vida de qualquer forma, como você escolheria vir?
E: Eu acho que voltar como natureza ou como um animalzinho lindo, livre e feliz é muito lindo, mas na ideia porque, pensando melhor, só consigo me imaginar sendo caçada e coisas horríveis. E eu sou muito medrosa, então provavelmente gostaria de voltar como uma pessoa… [Pensativa] Miga, que difícil isso, a minha cabeça não é muito feliz, não. [Longa pausa] Mas voltar de qualquer forma… Não sei que forma porque qualquer forma que não seja humana eu imagino um humano me destruindo, entendeu? E eu não quero humanos babacas! Então voltaria como uma humana bem sucedida que lutaria pelas causas que importam e usaria o meu dinheiro para ajudar as pessoas. Mentira! [Risos] Eu não sou tão altruísta assim. Até ajudaria as pessoas, só não sei se tanto já que investiria meu dinheiro em mim. Porque se for pra voltar humano pra sofrer também não tem porquê. Voltaria pra que? Então se fosse pra ter outra vida eu seria a Britney Spears. Não sei se eu seria a Britney Spears ou a Beyoncé.

AGF: [Risos] Tudo bem, você respondeu!
E: Não, agora quero dar aquelas respostas de miss: “voltaria para ser um médico muito influente que encontraria a cura do câncer”. [Risos]

Como ama viajar e tem medo de avião, Elaine tem técnicas que a fazem relaxar durante os voos (FOTOS: Gabriela Isaias)
AGF: Você tem fobia de alguma coisa?
E: Avião e barata.

AGF: E como você faz quando tem que viajar? Tem alguma técnica pra relaxar?
E: Depende. Quando é viagem curta normalmente eu levo um livro porque ler tira um pouco da minha atenção, aí eu acabo entrando na história do livro e esqueço o medo. Também escuto podcasts no celular. Tem que ser alguma coisa que tire o meu foco de atenção. Quando o avião é de uma companhia aérea que tenha televisão eu vou assistindo filme. Voos internacionais são mais complicados e normalmente eu tomo remédio pra dormir porque são muitas horas e não consigo dormir mesmo. Até consigo me distrair, mas dormir é muito complicado porque querendo ou não eu vou estar nervosa. E penso em coisas boas também. Normalmente fico pensando no que eu vou fazer quando chegar no meu destino, os meus planos, que vai dar tudo certo, que é muito seguro… Tento focar em pensamentos bons e coisas boas.

No primeiro ano do Ensino Médio ela decidiu ser publicitária, após assistir a um programa de tv (FOTOS: Gabriela Isaias)
AGF: O que você mais gosta em você mesma?
E: Fisicamente ou personalidade?

AGF: Pode ser os dois.
E: Fisicamente eu acho que seriam os meus olhos e o que eu gosto de mim na personalidade é… [Pensativa] A forma como eu me adapto fácil às coisas. Eu tenho facilidade em me adaptar e resolver as coisas.

AGF: E o que você menos gosta em você?
E: Bochechas.

AGF: Imagine que você vai ler essa entrevista daqui a 10 anos. Tipo, tia Elaine vai estar lá na internet, achou esse blog perdido e leu essa entrevista. Que recado você daria a você mesma no futuro?
E: Tia Elaine! [Risos] “Nunca pare de correr atrás dos seus sonhos, vai dar tudo certo.”


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LIGEIRINHAS

O que te tira o sono? Desentendimentos com pessoas que eu gosto muito.
Um medo. Morte.
Uma frustração. Não saber o que eu quero profissionalmente.
Uma saudade. Meus pais.
Café ou Toddynho? Os dois, vai até misturados.
Um superpoder. Teletransporte.
Maternidade. Num futuro ainda bem distante.
Um filme. Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças.
Uma música. Someday - Strokes.
Uma comida. Japonesa.
Foi golpe ou não foi golpe? Foi golpe.
Manda nudes? Já mandei seminudes, mas morro de medo...
Três perfis no Instagram para seguir: @theartidote @amivitale e @eljackson.
Um cheiro. Café.
Uma palavra. Empatia.


⇢ Para ver mais fotos de Elaine clique aqui e acesse o meu Flickr.


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