Entre unicórnios e marshmallows

Brenda Prata no jardim de sua casa, em Ilhéus (FOTO: Gabriela Isaias)
À primeira vista frágil, ela fala pelos cotovelos e já perdeu as contas de quantos lugares morou. Brenda jura de pés juntos ser desorganizada, mas sua disciplina lhe rendeu o primeiro lugar em um concurso de monografias feito pela União Europeia no Brasil. Fluente em inglês e francês, também se aventura pelo espanhol e o italiano.

Do alto dos seus 1,58m, é analista de relacionamentos em uma importante empresa de Salvador, apesar de ter “cara de criança”, como ela mesma diz. Carregando no sotaque um pouquinho de cada canto do país pelo qual já passou, nessa conversa Brenda Prata fala um pouco sobre sua história, profissão e autoestima.

Aquela Garota da Foto: Você nasceu em Palmas (TO), mas logo pequena foi para Maceió (AL). Como foi aquela época?
Brenda: Toda vez que me perguntam de onde eu sou fico sem saber o que responder. Nasci em Palmas porque os meus pais moravam lá na época, mas a minha família inteira é de Goiânia e até hoje eu brigo com a minha mãe que ela deveria ter ido pra Goiânia pra eu nascer e depois ter voltado pra Palmas! [Risos]


"Se perguntarem de onde eu sou, não faço ideia. Eu sou do Brasil!"

AGF: Quando você foi para Ilhéus?
B: Depois de Palmas  morei em Campina Grande e depois fui para Ilhéus, onde fiz a alfabetização. Lembro que a minha mãe ficou com raiva porque me ensinaram o alfabeto como L-M-N-etc. [na Bahia fala-se Lê/Mê/Nê/etc.] Depois de Ilhéus fui para Maceió, onde fiquei por nove anos. É uma cidade maravilhosa e quem não conhece deveria conhecer. Eu sou apaixonada! Cheguei a voltar para Ilhéus, onde fiz o Ensino Médio e conheci pessoas incríveis. De lá, fui fazer vestibular em Goiânia, uma cidade que eu amo e é uma das minhas favoritas. Depois acabei fazendo intercâmbio na Bélgica e, quando voltei, vim morar em Salvador com a minha mãe e o meu irmão. Então já rodei quase o Brasil inteiro! [Risos] Se me perguntarem de onde eu sou, eu não faço ideia. Eu sou do Brasil!

AGF: E, mesmo passando por tantos lugares ainda criança, quais são as suas melhores lembranças da infância?
B: Uma lembrança que eu tenho não me marcou de um jeito muito bom! [Risos] Foi quando aprendi a andar de bicicleta e eu não sou nada boa com coordenação motora! Na época em que estava aprendendo tinha uma roseira na casa da minha avó, em Ilhéus. Então um dia eu caí em cima das rosas cheias de espinhos. Fiquei completamente ralada, dos pés à cabeça e tive que ficar deitada na cama por uns dois dias igual a uma estátua. Passei mertiolate, rifocina… E era naquela época que esses remédios ardiam. Foi horrível!

Brenda diz não ter religião, mas acredita no respeito, no amor e na busca constante da verdade (FOTOS: Gabriela Isaias)

AGF: Você morou em seis cidades! Tem algum lugar do Brasil que você não conhece e gostaria de conhecer?
B: Eu nunca fui em Curitiba, que é onde a minha madrasta mora. Eu queria muito ir porque todo mundo fala que é uma cidade muito legal, bonita e organizada. Mas como vou no final do ano, poderei riscar da minha listinha.

“Sou uma pessoa muito prática em tudo na minha vida. Gosto de agir, não de pensar tanto"

AGF: Mudando um pouquinho de assunto, vamos falar sobre profissão. Você é formada em Relações Internacionais. O que você mais gosta e o que você menos gosta nessa área?
B: Eu gosto do fato de não ser uma coisa restrita. O profissional de Relações Internacionais é multifacetado e pode atuar em várias áreas porque não é uma formação que te prende, já que você pode fazer uma especialização no tema em que tiver mais interesse. Eu não curto muito a parte filosófica, a parte teórica. Sou uma pessoa mais prática em tudo na minha vida, tanto que às vezes chego a pensar que deveria ter feito Administração, porque sou uma pessoa muito pro-ativa. Eu gosto de fazer, agir, não de pensar tanto. Então isso foi um desafio pra mim, mas superei.

AGF: Esse ano você ganhou um concurso de monografias da União Europeia. Qual foi o tema do seu estudo?
B: O tema da minha monografia foi sobre as relações econômicas entre o Mercosul e a União Europeia e a posição do Brasil nisso. O nome do trabalho é “Relações econômicas entre Brasil e União Europeia: apostar no Brasil como interlocutor?”.


Ela nasceu no Tocantins, mas já morou em Alagoas, Goiás, Bahia e Bélgica (FOTOS: Gabriela Isaias)

AGF: Se você estivesse diante de Deus e pudesse fazer uma pergunta, qual seria?
B: Uma coisa que eu tenho bastante vontade de perguntar é porque existe tanta maldade. Até tem aquela explicação de que vez ou outra gente precisa aprender e passar por certas coisas. Mas às vezes eu não consigo entender o motivo de alguns fatos acontecerem. Eu tenho dificuldade em entender porque, se existe um Deus, tantas coisas ruins acontecem.

AGF: E se fosse dada a você uma chance de voltar em uma próxima vida, como você iria querer vir?
B: Eu ia querer vir como um unicórnio! Já vivi como humana, agora vamos partir pra evolução espiritual. E depois do humano vem o unicórnio! [Risos]

AGF: Se a sua vida pudesse ser exatamente igual a de uma personagem de um filme ou de um livro, qual personagem você escolheria?
B: Pode ser de um seriado? Eu ia querer ser a Robin Scherbatsky, de How I Met Your Mother porque ela é muito legal e tem amigos muito divertidos. Pra mim, a melhor coisa da vida são os amigos e ela manteve os dela por muito tempo, morou em vários países e encontrou o amor da vida dela depois de ter vivido muita coisa.

“Sou leonina, gosto muito de ter uma boa autoestima"

AGF: Agora, falando de uma parte mais íntima: o que você mais gosta em você mesma e o que você mudaria na sua personalidade?
B: Olha, eu sou leonina, então já me gosto automaticamente! [Risos] “O que você gosta em você?” Eu gosto de mim! Eu gosto de ter essa boa auto-estima.


Quem fez Brenda considerar o curso de Relações Internacionais foi sua prima, Naiana (FOTOS: Gabriela Isaias)

AGF: Se amanhã você pudesse acordar com alguma habilidade nova, qual você gostaria que fosse?
B: A de ser organizada porque eu sou uma bagunça! E acho que às vezes eu sou grossa com as pessoas sem querer, então mudaria isso.

AGF: E se a sua vida fosse um filme, qual seria o título?
B: Eu acho que seria um título de Sessão da Tarde tipo “Aloprando com Brenda”, “As Peripécias de Brenda”! Algo bem zoado.

“Sou muito pequena e tenho cara de criança. Isso me incomoda um pouco"

AGF: Como é a sua relação com o seu corpo? Você faria alguma plástica?
B: Tenho vontade de colocar silicone nos seios, mas não é uma vontade tão grande. Tanto que até hoje eu não fiz. Então não me incomodo ao ponto de fazer uma cirurgia até porque me acho muito pequena. Eu tenho cara de criança! Todo mundo sempre me pergunta em qual escola estudo, quantos anos eu tenho… Isso me incomoda um pouco porque atrapalha, por exemplo, no meu trabalho. Mas enfim, o que eu posso fazer? Minha mãe até fala que eu vou gostar disso no futuro, mas tô esperando esse futuro chegar!

AGF: Como seria um dia perfeito pra você?
B: Num dia perfeito estaria sol, mas não muito calor, um clima mais ameno. Eu iria acordar tarde, lá pelas 10 horas e tomaria um café da manhã bem saudável, com smoothies de frutas, granola e essas paradas que eu iria comer felizona! Depois eu passaria o dia na praia tomando água de coco com todas as minhas amigas por perto. Até porque, como eu tenho uma amiga em cada estado do país, reuni-las seria muito difícil. Então em um dia perfeito todas as minhas amigas estariam curtindo comigo na praia e, no final do dia, depois de um banho de mar, teria um luau. Nesse luau estariam  várias pessoas legais pra se conhecer, tipo a Oprah Winfrey. Ryan Gosling iria estar lá também! E todo mundo sentaria em volta da fogueira, como nos filmes, comendo marshmallow.

Leonina, Brenda diz ser bagunceira e tem uma boa auto-estima (FOTO: Gabriela Isaias)

AGF: O que o seu “eu”, a Brenda de hoje, diria para a Brenda de antes?
B: Eu diria várias coisas, mas principalmente “relaxa, tudo vai dar certo”.

AGF: Então imagina que você vai ler essa entrevista daqui a 10 anos. Que recado você daria pra você mesma no futuro?
B: Nossa, daqui a 10 anos? Eu provavelmente vou pensar que eu era muito imatura [risos], como eu sempre penso. Mas eu iria querer perguntar “você tá feliz? você tá fazendo o que você gosta? tá com as pessoas que você gosta? se não, muda, minha filha!”. 

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LIGEIRINHAS

O que te tira o sono? Nada.
Um medo. Não ter alguém com quem eu possa contar.
Uma frustração. Parecer ter 13 anos.
Uma saudade. De vários amigos meus que não moram perto.
Café ou Toddynho? Nem um nem outro! Não gosto de café e não tomo leite.
Um superpoder. Ler pensamentos.
Maternidade. Vixi!
Um filme. De Repente É Amor.
Foi golpe ou não foi golpe? Não passou nem perto disso.
Manda nudes? Eita!
Três perfis no Instagram. @luisa.accorsi porque tem muitas fotos boas das viagens dela e ela pesa 46kg assim como eu [risos], o meu @brendaprata porque eu sou muito legal e o das fotos da @gabrielaisaiasphotos!
Um cheiro. De bebê.
Uma pessoa. Lara.
Uma palavra. Animação.


⇢  Para ver mais fotos de Brenda clique aqui e acesse o meu Flickr.


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